Compreender a anorexia

Olá!

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Imagem:Pinterest

Nestes últimos dias a propósito do estado de saúde de Angelina Jolie e do seu notório estado de emagrecimento, a comunicação social tem referido uma possível anorexia.

Para compreender um pouco melhor este distúrbio alimentar, esta busca intransigente para perder peso com dietas alimentares insuficientes, trouxe um texto …

“ Eu sou a anorexia. Dominei a vida da A. a partir do Verão passado, de uma maneira muito inteligente: convencia-a de que atingiria a perfeição se as suas pernas fossem como as das modelos.

A vida dela rapidamente se tornou um conjunto de regras por mim ditadas (são os meus nove mandamentos) sobre a alimentação:

  1. Diminuir ao máximo ou retirar as gorduras;
  2. Diminuir os hidratos de carbono;
  3. Beber muitos líquidos;
  4. Pesar-se todos os dias;
  5. Ter horários rígidos de alimentação;
  6. Fazer muito exercício;
  7. Ler revistas sobre dietas;
  8. Não comer com os amigos;
  9. Não falar sobre alimentação;

Convenci a A. de que ela só poderia gostar de si quando tivesse as pernas como eu quero. É evidente que quem diz se estão ou não suficientemente magras sou eu… E é claro que eu sou insaciável! Gosto das pessoas magras, muito magras, sem forças… para eu as poder dominar totalmente!

Eu soube muito bem aproveitar-me das qualidades da A.: usei a sua determinação, o seu desejo de independência e a sua vontade de estudar. A sua determinação serviu-me para a manter dominada pelas minhas regras, confundindo-as com os seus próprios desejos. Quanto à sua vontade de estudar, sugeri que devia ser usada para queimar calorias (todas as actividades gastam energia, principalmente estar concentrado) e para manter o desejo de independência para a levar a fazer, às escondidas, o que eu mandava – assim, nem os pais, nem os amigos viam o que eu obrigava a fazer a si mesma. Ensinei-lhe a desenvolver uma enorme habilidade para enganar os outros em relação à alimentação- disse-lhe como havia de esconder a comida e o que deveria fazer para não a forçarem a ingerir os alimentos. Foi assim que a isolei dos outros. Utilizei o pretexto de que estes a iriam obrigar a falar de mim e tentariam convencê-la a comer alimentos que a iriam engordar, logo agora que ela estava perfeita! Tendo como companhia só a minha presença, era mais fácil controlá-la e levá-la a confundir-me consigo própria!

Já me esquecia…ao isolá-la dos outros, ensinei-lhe a olhar para si mesma de maneira diferente – onde os outros viam um corpo subalimentado, a caminho da morte, eu fazia-lhe ver um corpo perfeito! Esta arte da cegueira domino-a eu! Controlo milhares de jovens em todo o mundo com esta táctica…

É verdade que não deixei de ter os meus problemas…uma pediatra muito amiga da Ana sempre me dificultou a vida…normalmente as pessoas não são assim tão interessadas, como é que eu podia adivinhar?!…

Também tive um problema ao subestimar a determinação da A.…eu sabia que ela era determinada, mas não tanto. Se a determinação me serviu de aliada no início, cedo a A. a usou a seu favor, dizendo a si própria que eu a estava a controlar demasiado e que era insaciável (é verdade, mas não digam isto por aí…).

Finalmente, tive um outro problema – a tristeza que a A. começou a sentir. A maioria das vezes eu uso a tristeza a meu favor: convenço as pessoas de que estão tristes porque ainda não são perfeitas (sim, é verdade, eu faço-as acreditar que estar perfeito é ser muito, muito magro). Mas com a A. isto não resultou como eu esperava – ela percebeu que a tristeza era uma consequência de não poder comer aquilo de que gostava e de ver os pais perturbados com a minha presença. A A. percebeu que só poderia resolver a sua tristeza se se livrasse de mim…enfim, não tive tanta sorte como costumo ter…

Hoje ainda tenho algum domínio sobre a vida da A. – embora muito menos do que desejaria. Contudo, ainda consigo convencer a A. de que posso voltar…e ainda a faço sentir-se preocupada com a alimentação, embora me pareça que ela está a ultrapassar esta fase, porque tem estado a desafiar de forma progressiva as minhas ordens e regras. Parece que a A. antiga está de volta (pergunto-me se as saudades que a mãe da A. tem desta “A. antiga” a estão a influenciar contra mim…devia ter tentado convencer a mãe que essa A. tinha desaparecido para sempre!).

Enfim… para a próxima tenho que procurar alguém mais fraco, para a submeter ao meu ideal de magreza e de perfeição!…”

(Extraído do livro” Terapia Narrativa da Ansiedade” de Miguel Gonçalves e Margarida Rangel Henriques)

Um dia agradável para si!

Maria José

Este Blog foi feito com todo o carinho para ajudá-la a pensar mais em si. Se tiver sugestões de temas ou dúvidas para serem respondidas é só enviar um email para avidaemtonssuaves@gmail.com

 

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